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Emanuelly Crescendo!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Infertilidade no homem: causas e tratamentos

O que é a infertilidade?

Considera-se infertilidade conjugal quando um casal não obtém uma gravidez após um ano de relações sexuais em frequência normal e sem o uso de qualquer método contraceptivo. Se há tentativa de conceber há mais de um ano, pode haver necessidade de assistência médica. Entretanto, se a mulher tiver mais de 30 anos de idade, recomenda-se procurar avaliação médica após 6 meses de relações sexuais sem contracepção, em vez de esperar um ano. Se a mulher apresentar ciclos menstruais irregulares ou se um dos componentes do casal souber de algum problema de fertilidade, não se deve aguardar um ano para procurar atendimento médico.

Caso haja incapacidade de obter uma gravidez, isso é muito comum. Cerca de 10 a 15% dos casais são inférteis. Durante esse período, podem ocorrer sentimentos de frustração, inveja e angústia. Assim, uma vez que haja a possibilidade de explorar as opções médicas, deve-se buscar os tratamentos que possam oferecer maior esperança de obter a gravidez tão desejada.

Um conceito importante para ser reforçado é que a unidade de atendimento é o casal e não um único paciente, tanto feminino quanto masculino. Disso resulta que: 1) o médico preferencialmente deve estar capacitado para a realização de diagnóstico e indicação terapêutica tanto para o sexo masculino quanto para o feminino; 2) o encontro de fator de infertilidade em um dos membros do casal não exclui a presença de problemas no outro; 3) como a história e os exames clínicos são, muitas vezes, insuficientes para o diagnóstico da causa da infertilidade, são necessários exames complementares para o esclarecimento do diagnóstico, pelo que é exigido familiaridade do médico com a realização, interpretação e integração de resultados dos mesmos tanto para o diagnóstico quanto para a indicação do tratamento; 4) a consciência do casal sempre presente durante todos os procedimentos obriga o médico a exercer tanto o papel técnico quanto o humano, sendo agente redutor do sofrimento proveniente das expectativas e incertezas do casal.

Assim, o casal é que é infértil e não a mulher que não engravida ou não o homem que não consegue engravidar a esposa. O casal deve procurar a assistência médica, se possível com médico especializado em reprodução humana.



Qual o período estimado para um casal ser considerado estéril?

O conceito de infertilidade conjugal foi respondido na pergunta anterior. Mas o que é válido ressaltar é que um casal fértil tem a probabilidade de gravidez em um único ciclo menstrual entre 15 e 20%; ao final de um ano a probabilidade acumulada de gravidez gira em torno de 90%; e ao final de dois anos em torno de 95%. Logo, casais que tenham relações sexuais a cada dois ou três dias sem utilizar qualquer método contraceptivo após um ano devem procurar avaliação médica, porque há maior probabilidade de haver algum fator ou alguns fatores que estejam trazendo dificuldade em obter a gravidez.

Alguns autores e profissionais da área da saúde têm abandonado a utilização do termo esterilidade, muito usado no passado. Alguns o utilizam para denominar situações extremas em que não há possibilidade de conseguir a gravidez, situação que tem sido minimizada progressivamente ao longo do tempo com o avanço técnico e do conhecimento na Medicina.



Existem fatores que podem influenciar na fertilidade do homem?

Qualquer doença, trauma ou procedimento terapêutico que possa atingir todo o organismo ou diretamente o sistema reprodutivo pode potencialmente comprometer parcial ou totalmente e definitiva ou temporariamente a função reprodutiva. Alguns fatores são discutíveis, não havendo consenso quanto à comprovação científica do prejuízo da fertilidade ou ao mecanismo em que tal comprometimento ocorre, e outros são óbvios. Assim a avaliação médica deve ser completa em relação à história, antecedentes pessoais e familiares e exame físico geral e genital. Vamos destacar:



• Diabetes melito, que pode se complicar com associação à neuropatia diabética, pode provocar disfunção na ereção e na ejaculação;

• Obesidade acentuada, que pode estar associada, por exemplo, ao hipotiroidismo;

• Doença endócrina;

• Doença hepática;

• Doença renal;

• Doença autoimune, na qual pode haver produção de anticorpos antiespermatozoides;

• Anemia falciforme;

• Alguns medicamentos, tais como a cimetidina e a fenitoína;

• Alguns suplementos, tais como esteroides anabolizantes;

• Dieta pobre em ácido fólico ou em licopeno, o qual pode ser encontrado em tomates;

• Banhos quentes frequentes;

• Uso de roupas íntimas justas e apertadas;

• Trabalho que requeira longos períodos sentado, os quais elevam a temperatura escrotal;

• Exposição às toxinas, tais como chumbo, mercúrio ou pesticidas;

• Exercícios excessivos, os quais podem baixar os níveis de testosterona e diminuir a produção de espermatozoides;

• Drogas tais como álcool, metadona e maconha;

• Exposição intrauterina ao dietilestilbestrol (DES);

• Efeitos colaterais de tratamento de câncer testicular e prostático;

• Quimioterapia para tratamento do câncer;

• Radioterapia;

• Problemas sexuais, tais como disfunção erétil e ejaculação precoce;

• Alterações genéticas: síndrome de Down ou de Klinefelter, por exemplo;

• Criptorquia: condição na qual os testículos não se localizam dentro da bolsa testicular;

• Hipogonadismo, a condição com falha no desenvolvimento normal dos testículos, geralmente associado a puberdade atrasada, diagnosticado durante a adolescência;

• Infecções genitais, como a uretrite gonocócica e o herpes genital;

• Infecções dos órgãos genitais, como a prostatite e a epididimite;

• Doenças infecciosas, como a caxumba;

• Varicocele: varizes das veias que drenam o sangue venoso dos testículos;

• Torção de cordão espermático;

• Trauma testicular;

• Trauma raquimedular;

• Vasectomia;

• Cirurgias do sistema reprodutivo, tais como resseção transuretral da próstata;

• Baixa concentração, baixa motilidade ou baixa qualidade dos espermatozoides em exames de espermograma.



Quais as causas da infertilidade no homem?

As principais causas são: a varicocele (42,2 %), idiopáticas (22,7%), obstrução das vias seminíferas (14,3%), criptorquia (3,4%), fator imunológico (2,6%), disfunção ejaculatória (1,3%), insuficiência testicular primária (1,3%), causas endócrinas (1,1%), radiação e drogas (1,1%). As causas são variadas e pode haver associação. A avaliação feminina deveria ser recomendada na maioria dos casos de infertilidade, que deve ser encarada como problema do casal e não somente de um componente do casal. Assim, o casal que não esteja utilizando qualquer método contraceptivo deve procurar sempre avaliação médica nos casos de incapacidade em gestar em um intervalo superior a um ano.



A quimioterapia em casos de câncer no órgão genital pode causar infertilidade? E a radioterapia?

O tratamento para salvar a vida do paciente pode reduzir a fertilidade por destruir óvulos ou espermatozoides. A probabilidade do dano reprodutivo depende da idade e do sexo do paciente e do tipo e duração do tratamento. O dano mais grave ocorre na radioterapia dos ovários ou testículos e no uso de drogas quimioterápicas com agentes alquilantes, tais como a ciclofosfamida, mecloretamina, clorambucil e melfalan. Embora a produção de espermatozoides possa ser recuperada, os óvulos não se regeneram, e a sua perda é permanente e a menopausa pode ocorrer. O risco de desenvolver uma menopausa prematura é menor em mulheres mais jovens do que naquelas de maior idade. O objetivo principal é curar o câncer, mesmo se o tratamento causar infertilidade. Entretanto, há várias opções que podem ajudar a preservar a fertilidade antes e após o tratamento do câncer.



Anabolizantes podem causar infertilidade?

Sim, podem levar à infertilidade transitória ou permanente. Os esteroides androgênicos induzem ao hipogonadismo hipogonadotrófico (baixos níveis séricos de FSH e LH) com associação de azoospermia (ausência de espermatozoides) no exame de espermograma, levando à infertilidade. Durante o uso dos esteroides anabolizantes, em períodos de seis a oito semanas, há acentuada diminuição da fertilidade com a diminuição da testosterona sérica endógena. O retorno aos níveis normais de produção hormonal costuma ocorrer em cerca de três meses após o fim do ciclo, mas existem relatos de hipogonadismo permanente consequente a muitos anos de utilização contínua de esteroides anabolizantes. A fertilidade normal pode tardar de seis meses a um ano.



A infertilidade é reversível?

Pode ser reversível caso haja causa específica tratável, com possibilidade de paternidade com meios naturais, como, por exemplo:



• Tratamento e compensação das doenças de base antes da evolução com complicação: endócrinas, hepáticas, renais, doenças autoimunes, obesidade patológica, câncer e anemia falciforme;

• Tratamento específico de afecções do sistema reprodutivo: disfunção erétil, criptorquia, varicocele, infecções genitais, trauma, torção de cordão espermático, vasectomia e ejaculação retrógrada;

• Mudança de hábitos e de exposição aos fatores deletérios na função reprodutiva: uso de esteroides anabolizantes, dieta pobre em ácido fólico ou licopenos, exposição crônica ao calor excessivo da região genital, exposição ocupacional às gonadotoxinas, uso de drogas lícitas e ilícitas.



Quais os tratamentos?

O tratamento inicialmente deve ser precedido pelo mais preciso diagnóstico da causa da infertilidade conjugal. Assim, ambos os componentes do casal devem ser avaliados clinicamente e por exames complementares, para a melhor proposição terapêutica, de melhor custo-benefício.

O objetivo principal inicial é tornar possível a paternidade por métodos naturais. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico.

O tratamento clínico pode ser indicado nos casos de:



1. Disfunção sexual;

2. Distúrbios ejaculatórios;

3. Uso de drogas e medicamentos gonadotóxicos;

4. Infecção do trato seminal;

5. Hipogonadismo hipogonadotrófico;

6 Hiperprolactinemia;

7. Tratamento empírico (sem comprovação científica suficiente) para a oligozoospermia (baixa concentração de espermatozoides no espermograma) – nenhum método eficaz foi estabelecido até o presente.

O tratamento cirúrgico pode ser indicado em:

1. Tratamento cirúrgico da varicocele, preferencialmente microcirúrgico;

2. Reversão microcirúrgica de vasectomia;

3. Resseção endoscópica do duto ejaculador nos casos de obstrução dos dutos ejaculadores.

O tratamento com reprodução assistida com auxílio médico e laboratorial é indicado quando não haja possibilidade da reprodução natural, tanto por causa não tratável como por causa tratável, na qual o tratamento não foi bem-sucedido, assim o objetivo passa a ser o de se obter a gravidez:



1. Inseminação intrauterina com sêmen de doador;

2. Inseminação intrauterina com sêmen do marido;

3. Fertilização in vitro.



A preocupação com fertilidade deve fazer parte desde o início da vida e não apenas quando ela ocorrer clinicamente.



Prevenção de infertilidade e manutenção da fertilidade:

- Prevenção das infecções genitais e suas complicações: uretrites e endocervicites;

- Detecção precoce e tratamento efetivo das infecções - orquiepididimites (homem) e doença inflamatória pélvica (mulher);

- Avaliação médica regular desde os 10 anos de idade para detecção de alterações genitais relacionadas à infertilidade, como varicocele e malformações congênitas, por exemplo;

- Autoexame genital para detecção precoce de alterações genitais;

- Utilizar equipamentos de proteção para evitar doenças ocupacionais;

- Evitar o uso de pesticidas em suas plantas e gramado;

- Comprar produtos orgânicos;

- Utilizar produtos naturais;

- Sempre trabalhar em locais bem ventilados, utilizar máscaras de proteção quando trabalhar com produtos químicos (pintura e reparos caseiros);

- Evitar o fumo e o uso de drogas lícitas e ilícitas;

- Cultivar hábitos saudáveis;

- Enfim, orientação sobre a saúde desde a infância e principalmente na adolescência.
Um Beijo e Boa Tarde!
^^Mirela^^

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